Apaixonada por criar. Movida por caminhos incertos. Tem no seu trabalho a possibilidade constante de começar algo sem saber onde vai dar, movida pelo desafio. Celina é designer e diretora de criação da Catarina Mina, uma empresa voltada para a promoção da cultura do artesanato cearense, em que as artesãs e costureiras assumem papel de protagonismo na confecção de seus produtos.
Fio a fio, linha a linha, viu seu empreendimento criar forma e a chance de trabalhar com mais liberdade e sem limitações impostas à sua imaginação. Celina consegue formar o espaço criativo com muita diversidade tecendo a marca de sua história e valorizando o trabalho artesanal.
Conheça mais sobre o trabalho da Celina aqui.
É a marca da nossa história.
Celina Hissa
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Quem são seus artistas favoritos (música, literatura, arte, etc)?
Na música, gosto muito dos Mutantes, Caetano, Gilberto Gil - sou cada vez mais fã do Gilberto Gil. Na arte, gosto muito do trabalho da Lygia Clark, do Hélio Oiticica, essa galera que mudou muito a nossa forma de ver arte aqui e lá fora, acho tudo isso muito incrível.
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Com qual figura histórica você mais se identifica?
Essa é uma pergunta super difícil, porque essa questão de você pensar suas referências baseadas na história é uma coisa muito distante. Minhas referências mais próximas estão nessa vida que a gente vai construindo, nos professores que você conhece na Universidade (que aí então eu poderia citar vários que eu sou fã). O Silas de Paula é um exemplo a qual me refiro. Meus pais também são uma referência constante. Tios, amigos… Então, citar uma figura histórica com a qual mais me identifico é difícil pois muitas das referências que tenho são bem próximas de mim.
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Qual é a grande paixão da sua vida?
A grande paixão da minha está ligada com a questão da criação, a possibilidade de começar algo sem saber onde vai dar. Tudo isso parece muito desafiador e eu percebo que uma das coisas que eu gosto muito de fazer é começar.
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Qual a sua ocupação atualmente?
Eu sou designer e diretora de criação da Catarina Mina, uma marca na qual eu sou fundadora. Essa é uma pergunta difícil de responder pois sempre gostei de fazer muitas coisas. Já caminhei por muitas áreas, uma delas foi o mestrado, o que despertou o meu interesse por essa parte acadêmica. Mas também me encanta muito essa parte da prática, da criação, da construção de novas formas e novas peças gráficas.
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Há quanto tempo você trabalha na área criativa?
Venho trabalhando na área criativa há mais ou menos 10 anos. Eu sempre gostei muito de criar fora do papel e, em agências, eu tive essa limitação de estar trabalhando somente com o computador. Uma coisa que foi me chamando para esse outro lugar de atuação foi essa possibilidade que saísse da bidimensão e que fosse para a tridimensão, como a criação de bolsas, cenários, direção de arte de filme, tudo isso é um lugar muito mais aberto e o trabalho que faço hoje junto com o artesanato é uma trabalho muito livre com infinitas possibilidades, o que me encanta bastante.
O fato de meus pais serem arquitetos me influenciou bastante, porque a arquitetura trabalha muito com a tridimensionalidade e, quando saí das agências, era esse tipo de trabalho que eu queria fazer.
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Você acha que o seu trabalho traz alguma contribuição no sentido de representatividade/empoderamento feminino?
Super. A nossa empresa é formada prioritariamente de mulheres e nós trabalhamos com a questão do artesanato que, ao meu ver, é um fazer cultural que está muito ligado ao lugar da artesã.
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Você nota que existe, ou já existiu, alguma diferença no tratamento do seu trabalho pelo fato de você ser mulher?
O meu percurso profissional começou muito cedo: com 18 anos eu já estava estagiando, e trabalhei em agências de publicidade como diretora de arte durante 8 anos. E, nesse caminho, você tem que lidar com alguns preconceitos por ser mulher. Tive uma experiência muito marcante; eu era diretora de arte de uma agência e, na época, houveram alguns cortes pois a agência tinha perdido algumas contas grandes.
Nesse processo, tomaram a decisão de reduzir o salário dos funcionários para evitar demissões. O meu salário foi reduzido pela metade e o salário de um amigo que fazia a mesma função que eu foi reduzido apenas 10%. Lembro muito bem que os diretores conversaram comigo sobre isso e eu questionei o porquê daquela atitude, então me deram respostas do tipo: “Ah, você é mulher, ele é homem…”. Então essa diferença no mercado entre homens e mulheres acontece sim.
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Qual a sua citação favorita?
Não vou falar uma citação específica, mas, no universo da leitura, tenho pensado muito em Ransier. Esse lugar de pensar a política com Hannah Arendt, a ideia de comunidade sendo um formado por pessoas diferentes, mas que tentam dialogar.